VOCÊ USA SUA BÍBLIA COMO AMULETO? ESTANTES E BIBLIOTECAS, LIVROS? OU COMO A PALAVRA DA VIDA ETERNA ?
2° Timóteo 3:16-17
"Toda a escritura é inspirada por Deus e
útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na
justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado
para toda boa obra".O estudo da Palavra de Deus pode ser levado a
efeito com base em vários motivos. Amigos e irmãos na fé, alguns lêem-na a fim de satisfazerem seu
orgulho literário. Em certos círculos tornou-se algo respeitável e popular a
obtenção de um conhecimento geral do conteúdo da Bíblia, simplesmente por ser
considerado como defeito de educação a ignorância dela. Outros lêem a Bíblia
para satisfazer seu senso de curiosidade, como o fariam com qualquer outro
livro famoso. Ainda outros lêem-na para satisfazer seu orgulho sectarista.
Esses consideram um dever estar bem familiarizados com as crenças particulares
de sua própria denominação, pelo que também buscam ansiosamente textos de prova
que dão apoio ao que eles chamam de ''nossas doutrinas''. Ainda há aqueles que
lêem a Bíblia com a finalidade de argumentar com êxito com aqueles que
discordam de suas opiniões. Em toda essa atividade, entretanto, não há qualquer
pensamento acerca de Deus, não há qualquer anelo pela edificação espiritual, e,
portanto, não há qualquer beneficio real para a alma.
Assim sendo, de
que maneira nos podemos beneficiar da Bíblia? A passagem de 2º Timóteo 3:16,17
não nos fornece clara resposta para essa pergunta? Lemos ali: "Toda
Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja
perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra." Observemos o que
aqui é omitido: as Sagradas Escrituras não nos foram dadas a fim de satisfazer
nossa curiosidade intelectual e nem nossas especulações carnais, e sim para habilitar-nos para toda boa obra, e isso
mediante o ensino, a reprovação e a correção. Envidaremos esforços por ampliar
isso com a ajuda de outros trechos bíblicos. Este é o seu primeiro préstimo:
revelar a nossa depravação, desmascarar a nossa vileza, tornar conhecida a
nossa iniquidade. A vida moral de um homem pode ser irrepreensível, seu trato
com os seus semelhantes pode ser sem faltas; mas quando o Espírito Santo aplica
a palavra ao seu coração e à sua consciência, abrindo os seus olhos fechados
pelo pecado para que perceba a sua relação e a sua atitude para com Deus, então
ele exclama: "Ai de mim! estou perdido!" (Isaías 6:5). É desse modo
que toda a alma verdadeiramente salva é levada a perceber a necessidade que tem
de Cristo. "Os sãos não precisam de médicos, e, sim, os doentes"
(Lucas 5:31). Contudo, somente quando o espírito aplica a palavra, com poder
divino, é que qualquer indivíduo é levado a sentir-se enfermo, enfermo até à
morte.
Acerca do
indivíduo carnal é declarado: "Pois todo aquele que pratica o mal,
aborrece a luz e não se chega para a
luz, a fim de não serem argidas as suas obras" (João 3:20). "Deus
tenha misericórdia de mim, um pecador", é o clamor dos corações renovados;
e cada vez que somos revivificados pela palavra (Salmo 119), recebemos nova
revelação e renovada convicção de nossas transgressões aos olhos de Deus. "O
que encobre as suas transgressões, jamais prosperará; mas o que as confessa e
deixa, alcançará misericórdia" (Provérbios 28:13). Não pode haver
prosperidade nem frutificação espirituais (Salmos 1:3), enquanto ocultarmos em
nosso seio as nossas culpas secretas; somente quando são livremente
reconhecidas perante Deus, e isso com detalhes, é que desfrutaremos de Sua
misericórdia.
Não há paz real
para a consciência e nem descanso para o coração, enquanto sepultarmos a carga
do pecado não confessado. O alívio só nos é outorgado se confessarmos o pecado
a Deus. Notemos bem a experiência de Davi: "Enquanto calei os meus
pecados, envelheceram os meus ossos, pelos meus constantes gemidos todo o dia.
Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim; e o meu vigor se tornou em
sequidão de estio." (Salmos 32:3,4).
Não basta ler a palavra, crer nela ou memorizá-la; mas é preciso haver a aplicação pessoal da palavra ao nosso "caminho". É quando "damos ouvidos" a
exortações como aquelas que estipulam: "Fugi da impureza!" (I Coríntios 6:18), "Fugi da idolatria" (I Coríntios
10:14), "... foge destas cousas..." – da cobiça apaixonada pelo dinheiro (1
Tim. 6:11) e "Foge, outrossim,
das paixões da mocidade" (II Tim. 2:22), é que o crente é levado a
separar-se do mal, na prática; pois então o pecado não somente tem sido
confessado, mas também tem sido "deixado" (ver Provérbios 28:13).
As Sagradas
Escrituras nos foram dadas não somente com o propósito de revelar-nos a nossa
pecaminosidade inata, ou a fim de mostrar as muitas e muitas maneiras mediante
as quais carecemos "da glória de Deus" (Romanos 3:23), mas igualmente
para ensinar-nos como podemos obter livramento do pecado, como podemos ser
livres de desagradar a Deus. "Guardo no coração as tuas palavras, para não
pecar contra ti" (Salmos 119:11). E de cada um de nós é requerido o
seguinte: "Aceita, pego-te, a instrução que profere, e põe as suas
palavras no teu coração" (Jó 22:22).
O de que
precisamos é, particularmente, dos mandamentos, das advertências, das
exortações da Bíblia, para que sejam como que nosso tesouro particular; devemos
memorizá-los, meditar sobre os mesmos, orar a seu respeito e pô-los em prática. Eis a única
maneira eficaz de se evitar que um terreno qualquer seja invadido por ervas
daninhas: é semear ali a boa semente: "...vence o mal com o bem"
(Romanos 12:21). Por conseguinte, quanto mais "ricamente" estiver
habitando em nós a Palavra de Cristo (ver Colossenses 3:16), menos espaço
haverá para o exercício do pecado, em nossos corações e em nossas vidas.
Não é
suficiente apenas assentirmos à veracidade das Escrituras, mas é necessário que
elas sejam recebidas em nossos afetos. É uma verdade soleníssima aquela em que
o Espírito Santo especifica a base da apostasia, "...porque ao amor da verdade eles não receberam" (2° Tessalonicenses
2:10, grego).
"Se essa
semente ficar apenas na língua ou na mente, para que seja apenas uma questão de
palavras ou de especulação, não demorará muito para que desapareça. A semente
que jaz à superfície será apanhada pelas aves do céu. Portanto, que cada qual a
esconda no profundo do ser; que vá dos ouvidos para a mente, da mente para o
coração; e que ela penetre cada vez mais profundamente. Somente ao exercer ela
um domínio soberano sobre o coração, é
que a receberemos na força de seu amor – quando ela é mais cara para nós que
nossas concupiscências mais queridas, então nos apegamos a ela". (Thomas
Manton).
Não há qualquer
outra coisa que nos preserve das infecções deste mundo, que nos livre das
tentações de Satanás, que se mostre preservativo tão eficaz contra o pecado,
como a Palavra de Deus recebida em nossos afetos: "No coração tem ele a
lei do seu Deus; os seus passos não vacilarão" (Salmos 37:31). Enquanto a
verdade mostrar-se ativa em nosso íntimo, despertando-nos a consciência e sendo
realmente amada par nós, seremos preservados da queda. Quando José foi tentado
pela esposa de Potifar, respondeu ele: "... como, pois, cometeria eu
tamanha maldade, e pecaria contra Deus?" (Gênesis 39:9). A Palavra de Deus
se achava em seu coração, pelo que também prevaleceu sobre os seus desejos.
Essa é a inefável santidade, o grandioso poder de Deus, o qual é poderoso tanto
para salvar como para destruir.
Amigos e irmãos na fé em cristo jesus, nenhum de nós
sabemos em que ocasião será sujeito às tentações; portanto, é mister estarmos
preparados contra elas. "Quem há entre vós que ouça isto? que atenda e
ouça o que há de ser depois?" (Isaías 42:23). Sim, compete-nos antecipar o
futuro e nos fortalecermos intimamente para ele, entesourando a Palavra em
nossos corações, para as emergências futuras.
"... o
pecado é a transgressão da lei" (I João 3 :4). Deus diz: "Farás...'',
mas o pecado retruca: "Não quero". Deus diz: "Não
farás...", e o pecado diz: "Farei". Assim, pois, o pecado é a
rebeldia contra Deus, é a determinação do indivíduo seguir o seu próprio
caminho (ver Is. 53:6).
Isso
capacita-nos a entender que o pecado é uma espécie de anarquia no campo
espiritual, o que pode ser comparado com o ato de sacudir uma bandeira vermelha
no rosto de Deus. Ora, a atitude oposta ao pecado contra Deus é a submissão a
Ele, da mesma maneira que o contrário da iniqüidade é a sujeição à lei.
Portanto, praticar o contrário do pecado é andar na vereda da obediência.
Esta é uma das
outras grandes razões pelas quais as Escrituras nos foram dadas: tornar conhecida a senda pela qual
devemos andar, o que agrada a Deus. As Escrituras são proveitosas não somente
para repreensão e correção, mas também para a "instrução na justiça".
Neste ponto,
pois, encontramos outra importante regra mediante a qual devemos testar
freqüentemente a nós mesmos: Os meus pensamentos estão sendo formados, o meu coração
está sendo controlado e a minha conduta e as minhas obras estão sendo
regulamentadas pela Palavra de Deus? Eis o que o Senhor exige:
"Tornai-vos, pois, praticantes da palavra, e não somente ouvintes,
enganando-vos a vós mesmos" (Tiago 1:22). E aqui temos a declaração de
como devem ser expressos a nossa gratidão e os nossos afetos por Cristo:
"Se me amais, guardareis os meus mandamentos" (João 14:15). Para
tanto, é necessário a ajuda divina. Davi orava: "Guia-me pela vereda dos
teus mandamentos, pois nela me comprazo" (Salmos I19:35).
"Precisamos
não somente de luz para reconhecermos o nosso caminho, mas também de um coração
bem disposto para andar por esse caminho. A orientação é necessária por causa
da cegueira das nossas mentes; e os impulsos eficazes da graça são necessários
par causa da fraqueza dos nossos corações. Não cumpriremos o nosso dever
mediante a mera noção das verdades, a menos que as abracemos e as
sigamos". (Manton). Notemos que o salmista falava sabre a "... vereda
dos eus mandamentos..." Não aludia ele a algum caminho pessoal,
auto-escolhido, e, sim, a um caminho bem demarcado; não se trata de uma estrada
"pública", mas de uma vereda ''particular''.
Que tanto o
escritor como o leitor se aquilatem, honesta e diligentemente, como na presença
de Deus, pelas sete coisas acima enumeradas. O estudo da Bíblia, prezado amigo,
o tem tornado uma pessoa mais humilde, ou mais orgulhosa – orgulhosa com o
conhecimento que assim adquiriu? Esse estudo o elevou na estima de seus
semelhantes, ou o rebaixou a um lugar inferior, na presença de Deus? Tem isso
produzido, em sua experiência, uma atitude de mais profunda repulsa e asco par
si mesmo, ou tornou-o mais complacente? Isso tem feito com que aqueles que
entram em contato consigo, aos quais talvez você ensine, digam: "Gostaria
de ter o seu conhecimento sobre a Bíblia!"; ou isso os tem levado a orar:
"Senhor, dá-me a fé, a graça e a santidade que tens conferido a meu amigo
ou professor?'' "Medita estas cousas, e nelas sê diligente, para que o teu
progresso a todos seja manifesto" (1 Timóteo 4:15).
Deus só pode
vir a ser conhecido por meio da revelação
sobrenatural sobre a sua própria pessoa. À parte das Escrituras, é
totalmente impossível até mesmo a familiarização teórica com Deus. Continua
sendo uma verdade que "... o mundo não o conheceu por sua própria
sabedoria..." (I Coríntios 1:21). Em todos os lugares onde as Sagradas
Escrituras são ignoradas, Deus é o "....DEUS DESCONHECIDO" (Atos 17 :23).
Porém, algo
mais do que apenas as Escrituras se requer, antes que a alma possa conhecer a Deus, antes que possa
conhecê-lo de forma real, pessoal e vital. Mas isso parece ser reconhecido por
bem poucos, hoje em dia. A
prática prevalecente dá a entender que se pode obter o conhecimento de Deus
através do mero estudo da Bíblia, da mesma maneira que o conhecimento acerca da
química pode ser obtido através do estudo de compêndios de química. O
conhecimento intelectual de Deus talvez possa ser obtido desta maneira; mas
nunca o conhecimento espiritual.
Pois o Deus
sobrenatural só pode ser conhecido sobrenaturalmente (isto é, de um modo superior àquilo que a mera natureza
humana pode adquirir), ou seja, mediante a revelação sobrenatural do próprio
Deus ao coração humano. "Porque Deus que disse: De trevas resplandecerá
luz , ele mesmo resplandeceu em nossos corações, para iluminação do
conhecimento da glória de Deus na face de Cristo" (II Coríntios 4:6).
Aquele que já foi favorecido com essa experiência sobrenatural já aprendeu que
"... na Tua luz vemos a luz" (Salmos 36:9).
Deus só pode
ser conhecido através da faculdade
sobrenatural. Isso Cristo deixou bem claro, ao dizer: "Em verdade, em
verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de
Deus" (João 3:3). Os indivíduos sem regeneração não têm qualquer conhecimento
espiritual de Deus. "Ora, o homem natural não aceita as cousas do
Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las porque elas se
discernem espiritualmente" (I Coríntios 2:14). A água, por si mesma,
jamais se eleva acima de seu próprio nível. Assim também o homem natural é
incapaz de perceber aquilo que transcende à mera natureza. No entanto,
"... a vida eterna é esta: que te conhecem a ti, o único Deus verdadeiro,
e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (João 17:3). A vida eterna precisa ser
outorgada, antes que se possa conhecer o "verdadeiro Deus". Isso é
afirmado claramente na passagem de I João 5:20: "Também sabemos que o
Filho de Deus é vindo, e nos tem dada entendimento para reconhecermos o
verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em seu Filho Jesus
Cristo.... " Sim, o "entendimento", um entendimento de natureza
espiritual, par, meio de uma nova criação, precisa ser-nos dada, antes que
possamos conhecer a Deus de maneira espiritual.
O que produziu
a queda de Lúcifer foi o seu ressentimento por estar em sujeição ao Senhor:
"Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus
exaltarei o meu trono. . . subirei acima das mais altas nuvens, e serei
semelhante ao Altíssimo" (Isaías 14:13,14). A mentira da serpente que
encantou nossos primeiros pais e os levou à destruição, foi a seguinte:
"...como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal" (Gênesis 3:5). E
desde essa ocasião, o sentimento do coração do homem natural tem sido:
"Retira-te de nós! Não desejamos conhecer os teus caminhos. Que é o
Todo-poderoso, para que nós o sirvamos? E que nos aproveitará que lhe façamos
orações?" (Jó 21:14,15). "... pois dizem: Com a língua
prevaleceremos, os lábios são nossos: quem é senhor sobre nós? " (Salmos
12:4). "Por que, pois, diz o Meu povo: Somos livres! Jamais tornaremos a
ti?" (Jeremias 2:31).
O pecado
alienou o homem para longe de Deus (Efésios 4:18). O coração humano se tornou
avesso a Deus, sua vontade oposta à Sua vontade, a sua mente em inimizade
contra Deus. Em contraste com isso, a salvação significa ser alguém restaurado
a Deus: "Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo
pelos injustos, para conduzir-vos a
Deus. . . " (1 Pedro 3:18). Legalmente falando, isso já foi feito;
experimentalmente, porém, acha-se no processo de realização.
Ser salvo
significa ter sido reconciliado com Deus; e isso envolve e inclui o fato de que
o domínio do pecado sobre nós foi interrompido, que a inimizade foi
descontinuada, e que o coração foi conquistado para Deus. Disso é que consiste
a verdadeira conversão – da derrubada de todo ídolo, da renúncia das vaidades
ocas de um mundo enganador, em que tomamos a Deus como a nossa porção, o nosso
dirigente, o nosso tudo em
tudo. A respeito dos coríntios lemos que "... deram-se a
si mesmos primeiro ao Senhor" (II Coríntios 8:5). O desejo e a
determinação daqueles que verdadeiramente se converteram é que "não viviam
mais para si mesmos, mas para àquele que por eles morreu e ressuscitou"
(II Coríntios 5:15).
Então as
reivindicações de Deus passam a ser reconhecidas, e admitimos o Seu legítimo
domínio sobre nós mesmos, porque Ele é reconhecido como Deus. Os convertidos se entregam a Deus como "ressurretos
dentre os mortos", e os seus membros são entregues como "instrumentos
de justiça" (Romanos 6:13). Essa é a exigência que o Senhor nos impõe: ser
o nosso Deus, ser servido por nós como tal; e que nós sejamos e façamos, de
forma absoluta e sem reservas, tudo quanto ele nos ordenar, rendendo-nos
totalmente a ele (Lucas 14:26,27,33). A Deus cabe, porque é Deus, legislar,
prescrever e determinar tudo o que nos concerne; e a nós compete, como dever
obrigatório, sermos dirigidos, governados e sermos livremente usados por ele,
segundo o seu beneplácito.
Reconhecer que
Deus é o nosso Deus equivale a dar-lhe o trono dos nossos corações. É a mesma
coisa dita na linguagem de Isaías 26:13: "Ó Senhor Deus nosso, outros
senhores têm tido domínio sobre nós; mas graças a Ti somente é que louvamos o Teu nome". Também é declarar,
juntamente com o salmista, sem hipocrisia, mas com sinceridade: "Ó Deus,
tu és o meu Deus forte, eu te busco ansiosamente" (Salmos 63 :1). Ora, é
na proporção em que isso se torna nossa experiência real que nos beneficiamos
com as escrituras. É nelas, e somente nelas, que as reivindicações de Deus são
reveladas e postas em vigor; na medida exata em que estivermos obtendo um ponto
de vista mais claro e mais completo sobre os direitos de Deus, em que nos
estivermos submetendo a eles é que
estaremos sendo realmente abençoados.
"O temor
do SENHOR é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é
prudência" (Provérbios 9:10). Ora, a "sabedoria" consiste do
correto uso do "conhecimento". Até ao ponto onde Deus é verdadeiramente conhecido, até esse
ponto será devidamente temido. Acerca dos ímpios, porém, está escrito:
"Não há temor de Deus diante de seus olhos" (Romanos 3 :18). Esses
homens não têm qualquer percepção acerca da majestade de Deus, não tem nenhuma
preocupação com a Sua autoridade, não tem qualquer respeito pelos seus
mandamentos, não se alarmam ante o fato de que ele os julgará. No entanto, no
tocante ao povo que entrou em pacto com Deus, o Senhor prometeu: "Porei o
meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim" (Jeremias
32:40). Par essa razão é que os remidos tremem ante a sua palavra (Isaías
66:5), e andam cautelosamente diante dos seus olhos.
"O temor
do SENHOR consiste em aborrecer o mal" (Provérbios 8:13). E novamente:
"... pelo temor do Senhor os homens evitam o mal" (Provérbios 16:6).
O homem que vive no temor de Deus tem consciência que "os olhos do SENHOR
estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons" (Provérbios 15:3).
Por isso mesmo, vive conscienciosamente tanto em sua conduta particular como em
sua conduta em público.
O homem que
evita cometer determinados pecados, porque os olhos dos homens estão fixos
sobre ele, mas que não hesita em cometê-los quando está sozinho, é destituído
do temor de Deus. Por semelhante modo, o indivíduo que modera a sua linguagem
quando há crentes ao seu redor, mas que não age assim noutras ocasiões, não tem
temor a Deus. Não sente a consciência inspiradora de respeito de que Deus o vê
e ouve a todos os momentos.
A alma
verdadeiramente regenerada teme
desobedecer a Deus e desafiá-lo. E nem mesmo deseja fazer tal. Não, porquanto
seu real e mais profundo anelo consiste em agradar
ao Senhor em todas as coisas, em todas as oportunidades e em todos os
lugares. Sua oração intensa é: "Dispõe-me o coração para só temer o Teu
nome" (Salmos 86:11).
Ora, até mesmo
aos santos é mister ensinar o temor
de Deus, segundo se vê em Salmos 34:11. E nesse aspecto, como em tudo o mais, é
através das Escrituras que esse ensinamento nos é conferido (Provérbios 2 :5).
É por meio das escrituras que aprendemos que os olhos do Senhor estão continuamente fixos sabre
nós, assinalando as nossas ações e pesando os nossos motivos. Na medida em que
o Espírito Santo vai aplicando as Escrituras ao nosso coração, assim também
vamos obedecendo crescentemente aquele mandamento que diz: ''... no temor do
SENHOR perseverarás todo dia" (Provérbios 23:17). Por conseguinte, na
medida exata em que formos tomados pelo senso de respeito da tremenda majestade
divina, nessa medida também teremos consciência de que "Tu és Deus que
vês" (Gênesis 16:13), pondo em ação a nossa salvação com "temor e
tremor" (Filipenses 2:12), e assim tiramos real proveito de nossos estudos
bíblicos e da leitura das Escrituras.
O espírito de
obediência é proporcionado a toda a alma regenerada. Cristo Jesus disse:
"Se alguém me ama, guardará a minha palavra" (João 14:23). Portanto, esse é o grande teste: "Ora,
sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos"
(I Joio 2:3). Nenhum de nós observa os mandamentos de Deus com perfeição; mas
todo o verdadeiro crente tanto deseja fazê-lo como se esforça nesse sentido. O
crente verdadeiro diz juntamente com Paulo: "Porque, no tocante ao homem
interior, tenho prazer na lei de Deus" (Romanos 7:22). E também declara,
juntamente com o salmista: "Escolhi o caminho da fidelidade; decidi-me
pelos teus juízos. Os teus testemunhos recebi-os por legado perpétuo"
(Salmo 119:30, 111).
E todo e
qualquer ensinamento que avilta a autoridade de Deus, que ignora as seus
mandamentos, que afirma que o crente, em nenhum
sentido, está sob a lei, vem da parte do diabo, sem importar quão suaves sejam
as palavras do seu instrumento humano. Cristo redimiu o seu povo da maldição da
lei, e não dos mandamentos que ela contém; Cristo os salvou da ira de Deus, mas
não para ficarem fora do seu governo. Nunca foram e nunca serão revogadas as palavras
que dizem: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração" (Mateus
22:37).
A passagem de I
Coríntios 9:21 afirma expressamente que estamos
''debaixo da lei de Cristo." E o trecho de I João 2:6 estipula:
"Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele
andou". Ora, como foi que Cristo
"andou"? Na perfeita obediência a Deus Pai; em total sujeição às suas
leis, honrando-as e obedecendo-as em seus pensamentos, em suas palavras e em seus atos. Cristo não veio a fim de destruir a lei, e, sim, a fim de cumpri-la
(ver Mateus 5:17). E o nosso amor por ele é expresso, não em emoções agradáveis
ou em palavras bonitas, e, sim, na observância aos seus mandamentos (João
14:15). E os mandamentos de Cristo são os mandamentos de Deus (conferir Êxodo
20:6).
A oração
intensa do crente autêntico é: "Guia-me
pela vereda dos teus mandamentos, pois nela me comprazo" (Salmos 119:35).
Até ao ponto em que nossa leitura e nossos estudos da Bíblia, mediante a
aplicação do Espírito Santo, vai gerando em nós um maior amor e um mais
profundo respeito, além da observância mais exata dos mandamentos de Deus,
nessa proporção vamos sendo realmente beneficiados.
"Algumas
pessoas confiam na saúde, e outros nas riquezas; alguns confiam em si mesmos, e
outros confiam em seus amigos. E a atitude que caracteriza a todos os
indivíduos sem regeneração é que dependem do braço da carne". Porém, a eleição
da graça desvia os seus corações de todos os apoios dados pela criatura, para
que se estribe no Deus vivo. O povo de Deus são os filhos da fé. A linguagem
emitida pelos seus corações é: "Deus meu, em ti confio, não seja eu
envergonhado" (Salmos 25:2).
"O pobre
indivíduo mundano procura satisfação em suas atividades, prazeres e possessões
materiais". Ignorando a "substância", ele persegue inutilmente as
sombras. O crente, entretanto, se deleita nas admiráveis perfeições de Deus.
Realmente, reconhecermos a Deus como o nosso Deus consiste não somente em nos
submetermos ao leu cetro, mas em amá-lo mais do que ao mundo, e valorizá-lo
acima de tudo e de todos. Consiste também em termos, paralelamente ao salmista,
a percepção experimental de que ". . .Todas as minhas fontes são em
Ti" (Salmos 87:7). Os remidos não apenas receberam alegria da parte de
Deus, tal alegria que este nosso pobre mundo jamais nos poderia outorgar, mas
também se gloriam e regozijam em Deus (ver Romanos 5:11); e acerca disso o
indivíduo mundano nada sabe. A linguagem dos remidos é aquela que afirma:
"A minha porção é o SENHOR. . ." (Lamentações 3:24).
Os exercícios
espirituais são enfadonhos para a carne. Mas o crente autêntico diz:
"Quanto a mim, bom é estar junto a Deus..." (Sal. 73:28). O homem
carnal é arrastado por muitas paixões e ambições; porém, a alma regenerada
assevera: "Uma cousa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na
casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do SENHOR,
e meditar no seu tempo" (Salmos 27:4). E, por que? Por que o verdadeiro
sentimento de seu coração diz: "Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em
quem eu me compraza na terra" (Salmos 73:25). Ah, prezado leitor, se o seu
coração não tem sido impelido a amar a Deus e a deleitar-se nele, então é que ainda está morto para com ele.
A linguagem dos
santos é a que diz: "Ainda que a figueira não floresça, nem há fruto na
vide; o produto da oliveira mente, e os campos não produzem mantimento; as
ovelhas foram arrebatadas do aprisco e nos currais não há gado, todavia eu me
alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação" (Hab. 3:17,18). Ah!
essa é verdadeiramente uma experiência sobrenatural! Sim, o crente pode
regozijar-se quando todas as suas possessões materiais lhe são tiradas (ver
Hebreus 10:34). Quando jaz em uma masmorra, com as costas a sangrar, ainda
assim pode entoar louvores a Deus (Atos 16:25). Portanto, na proporção em que
você estiver sendo desmamado dos prazeres ocos deste mundo, também estará
aprendendo que não há bênção fora de Deus, estará descobrindo que ele é a fonte
e a súmula de toda a excelência, e o seu coração estará sendo atraído para o
Senhor, a sua mente estará se apegando a ele, a sua alma estará encontrando
nele a sua alegria e satisfação, e você estará realmente se beneficiando com as
Escrituras.
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